
A Comissão Europeia deu um passo decisivo nesta segunda-feira ao lançar a estratégia "Apply AI", um plano de ação focado na aplicação prática e na plena integração das políticas de Inteligência Artificial (IA) no bloco. A medida não se trata de criar novas leis, mas sim de operacionalizar o rigoroso AI Act, que está centrado no respeito aos direitos fundamentais e na classificação de riscos dos sistemas de IA. Com este movimento, a UE busca consolidar seu modelo de governança, pressionando implicitamente outras nações a acelerarem seus próprios frameworks regulatórios.
A estratégia "Apply AI" concentra-se menos em criar novas regras e mais em garantir a execução das existentes. Para isso, ela prevê três pilares fundamentais. O primeiro é fornecer diretrizes detalhadas para classificar e gerenciar os sistemas de IA considerados de alto risco, que exigem o maior nível de fiscalização sob o AI Act. O segundo pilar é o reforço da infraestrutura de dados através de uma Estratégia de União de Dados, crucial para assegurar a qualidade e a eticidade dos datasets utilizados no treinamento de modelos. Por fim, para equilibrar a regulação com a competitividade do mercado, o plano estimula o desenvolvimento local ao prever a criação de plataformas setoriais, como a "Plataforma Europeia Telco AI", permitindo que indústrias chave desenvolvam elementos de IA internamente.
A aceleração da UE coloca em destaque o debate que ocorre no Brasil sobre o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, que busca estabelecer o Marco Legal da IA. Enquanto a União Europeia adota uma abordagem primária de mitigação de riscos e proteção de direitos, com um alto custo de compliance inicial para as empresas, o Brasil tem sinalizado a busca por um "meio termo". O modelo brasileiro, mais flexível que o europeu, tende a focar na governança e na responsabilidade (accountability), exigindo relatórios de impacto da IA com o objetivo de ser menos intrusivo à inovação. O desafio central é encontrar o ponto de equilíbrio que proteja os cidadãos sem frear startups e a adaptação do arcabouço legal ao "terroir de dados" brasileiro.
A governança da IA é vista como fundamental para proteger a integridade dos processos democráticos, especialmente diante das eleições de 2026. A regulação europeia visa explicitamente coibir sistemas que possam manipular ou explorar vulnerabilidades de grupos específicos. No Brasil, o uso crescente de IA Generativa para criar deepfakes e desinformação exige que o futuro marco legal da IA trabalhe em coordenação estreita com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É vital que o país estabeleça regras claras de transparência e responsabilidade para as ferramentas de IA, pois a forma como as nações definem essa governança nos próximos meses será o fator decisivo para a defesa das urnas contra a manipulação tecnológica em futuros ciclos eleitorais.
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