
A era da produção globalizada, focada puramente na eficiência de custos, está dando lugar à era da fragmentação geopolítica. As tensões comerciais e os conflitos internacionais têm levado grandes corporações a reconsiderar suas cadeias de suprimentos de ponta a ponta. Notícias e relatórios de risco divulgados neste final de novembro e início de dezembro indicam que a palavra de ordem não é mais o offshoring massivo, mas sim o "nearshoring" (produção em países próximos) e o "friendshoring" (produção em nações politicamente alinhadas). O custo oculto da instabilidade superou o benefício do custo de mão de obra baixa, pressionando empresas a investir em resiliência e a buscar diversificação urgente de fornecedores de insumos críticos.
O principal motor dessa mudança é a busca por segurança e previsibilidade. Eventos como a pandemia e, mais recentemente, as restrições de exportação de tecnologias sensíveis (semicondutores, materiais avançados) entre os blocos econômicos deixaram claro o risco de dependência de um único fornecedor ou região. As empresas multinacionais estão agora calculando o valor financeiro da interrupção do fornecimento (supply chain disruption).
Essa reengenharia resulta em um movimento onde a produção está sendo trazida para mais perto do mercado consumidor (EUA realocando produção do Sudeste Asiático para o México, por exemplo). O desafio imediato, destacado nos relatórios de consultoria, é que essa realocação aumenta os custos logísticos e de produção no curto prazo, exigindo que as empresas renegociem contratos de fornecimento e invistam pesadamente em novas instalações e tecnologias.
Para o Brasil, a desglobalização representa uma oportunidade estratégica única, amplamente debatida em fóruns empresariais neste final de ano. O país, por ser um mercado grande, geograficamente estável e com uma matriz energética relativamente limpa, tem potencial para se tornar um importante hub de nearshoring para empresas que buscam reduzir a dependência da Ásia e abastecer as Américas.
No entanto, o aproveitamento dessa janela exige que o Governo Federal e os estados ataquem os gargalos logísticos e a burocracia tributária (o que reforça a urgência da Reforma Tributária). A capacidade de oferecer um ambiente de negócios competitivo e mão de obra qualificada será decisiva para atrair o capital estrangeiro que está sendo realocado globalmente.
No nível empresarial, a prioridade não é apenas a realocação, mas também a diversificação de insumos. Companhias estão fazendo um mapeamento aprofundado de seus fornecedores de semicondutores, terras raras e outros materiais estratégicos para identificar e mitigar pontos únicos de falha. Este trabalho de due diligence tem um custo alto e pressiona os gerentes de risco a tomarem decisões que, há cinco anos, seriam consideradas antieconômicas, mas que hoje são vistas como um imperativo para a resiliência empresarial no novo cenário geopolítico fragmentado.
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